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sábado, 30 de maio de 2009

Tentava lembrar-se de respirar.

Segurava com força o objeto em sua mão. Chovia muito. A mulher sentia o cheiro de morte nas costas dela e nem se quer olhava para trás, rezava por um milagre, ela havia chegado tão perto foi mais longe que qualquer outro, mas não passaria dali.

Ela parou de correr de repente. As gotas de chuva agora pareciam mais grossas e fortes, a floresta mais escura, a lama sujou todo o corpo da mulher, que agora andava, tentava sair da floresta. Parou em um lugar alto, olhou para baixo e se virou limpando os olhos para conseguir enxergar o que sairia da mata. Em baixo havia um rio de correnteza forte, banhavam as duas cidades que agora pareciam tão distantes, o milagre não viria, mas a morte chegou.

- Foi você, não foi? – Ela gritou, mas a voz saiu fraca diante do barulho da chuva, queria que ele escutasse. A sombra apenas sorriu.

- Eu não entendo! – A gora chorava. Falou algo mais, nada se escutou, mas de longe podia se escutar a entonação indignada da voz dela. E depois ficou muda.

O silêncio.

A sombra sussurrou no ouvido da mulher; estavam abraçados.

- Eu também te amo. – Ela respondeu com a voz rouca num sussurro, enquanto ele tirava a faca da barriga dela.

Caiu no chão, ele agachou-se e limpou o sangue da faca na camisa, olhava para a mão da mulher.

- Tarde de mais. – Ela sorriu e olhou em direção ao rio que passava em baixo. A expressão dele mudou, abriu a mão dela e não havia nada lá.

- Você jogou?! – A raiva estava na voz e nos olhos dele. Olhou ao redor de repente e foi embora como uma pomba. Mais alguém surgiu da floresta, parou um segundo parecendo horrorizada com a cena e se jogou para a mulher caída no chão.

- Meu Deus! – chorava – o que aconteceu?

- Sinto muito...- agora as duas estavam aos prantos.

- Não fala! Eu vou chamar alguém.

- Não! Fica! – Agarrou na gola da camisa da mulher, não estava mais preocupada em respirar, havia algo mais importante.

- Pega! – A mão estava toda suja de lama e o objeto que ela tiro da blusa também. Quando a outra mulher abriu a mão para ver o que era a chuva cuidou de limpar o objeto dourado.

- Mas...

- Escuta! – Puxou a mulher mais para perto – cuida dela pra mim, tá?

- Tá.

- E... Corra. – A última palavra. Fechou os olhos como se cedesse a um sono, respirou fundo e se foi.

A outra ficou parada, parecia esperar algo, estava confusa. Levantou-se, respirava forte, olhou a última vez para mulher no chão e correu floresta a dentro sem olhar para trás.

Foi-se com outro rosto.

1 comentários:

Atreyu disse...

Adorei!
A mulher era acho que todos nós...
Cansados depois de decepções e frustrações