Olá...
Hoje choveu o dia todo aqui em Fortaleza! Ou seja, estou morrendo de frio e com a maior vontade de ficar na minha cama fofinha, mas... Vou aproveitar esse feriado pra escrever um pouco; tenho muita coisa pra pôr em dia!
Esse tempo de chuva favorece a nostalgia. E muito. Coisas que a gente não quer lembrar insistem em vir à tona. Um dia, há muito tempo, lendo Os Prazeres e os Dias, de Marcel Proust (nunca terminei de ler esse livro, sempre acontecia alguma coisa que me impedia de continuar xD), vi uma frase que sintetizou perfeitamente o sentimento e a anotei. Hoje eu consegui encontrá-la no meu caderno do primeiro ano, numa página com a pontinha dobrada.
“(...)o hábito da ausência é a maior diminuição de si mesmo, o mais humilhante sofrimento de sentir que já não se sofre.”
Sabe quando você deixa de ver um amigo durante alguns meses e de repente encontra ele por acaso em algum lugar qualquer? Aí vocês se abraçam, conversam um pouco, prometem se comunicar mais e se despedem.
De mês em mês, vocês “se vêem” muitas vezes no MSN. Conversam por algum tempo. Quando se passam dois anos, e as conversas no MSN se resumem ao oi-tudo-bem-tenho-que-ir-tchau, você encontra a pessoa no ônibus. Do nada você percebe que está sentada ao lado dela. Isso aconteceu comigo há pouco tempo. Ela sentou ao meu lado, me chamou e eu levei uns três segundos para reconhecê-la.
Há mais tempo, talvez ano retrasado, não lembro bem, um amigo me ligou no dia primeiro de janeiro pra desejar ano novo. Eu fiquei surpresa e feliz. A gente não se falava há quase um ano.
Semana passada eu estava na fila da biblioteca e uma garota ligeiramente familiar perguntou o meu nome e se eu estudava no colégio tal. Eu respondi que sim, há uns três anos. Três anos e uma garota com quem eu nunca tinha falado quando estudava lá me reconheceu.
Quando eu estava no segundo semestre, vi meu professor de História do fundamental lá no CEFET. Eu parei, falei com ele e tal... Esse cara foi muito importante pra mim. Grande parte do meu modo de ver as coisas e das minhas convicções foi influenciada por ele. Esse semestre, o quarto, eu o vi de novo na entrada do CEFET. Não fui até lá falar com ele.
Eu tenho alguma coisa contra todas essas pessoas citadas nessas situações? Não! Mas a ausência delas já não é mais importante como era antes. Já não sofro por isso.
Humilhante, né? i.i
Mas... aproveitando o espaço, vou postar também um minúsculo conto que escrevi há algum tempo. Eu não costumo escrever contos muito pequenos, e não sei exatamente porque esse saiu assim, mas aí está. Não se assustem, ele é pequeno mesmo.
Hoje choveu o dia todo aqui em Fortaleza! Ou seja, estou morrendo de frio e com a maior vontade de ficar na minha cama fofinha, mas... Vou aproveitar esse feriado pra escrever um pouco; tenho muita coisa pra pôr em dia!
Esse tempo de chuva favorece a nostalgia. E muito. Coisas que a gente não quer lembrar insistem em vir à tona. Um dia, há muito tempo, lendo Os Prazeres e os Dias, de Marcel Proust (nunca terminei de ler esse livro, sempre acontecia alguma coisa que me impedia de continuar xD), vi uma frase que sintetizou perfeitamente o sentimento e a anotei. Hoje eu consegui encontrá-la no meu caderno do primeiro ano, numa página com a pontinha dobrada.
“(...)o hábito da ausência é a maior diminuição de si mesmo, o mais humilhante sofrimento de sentir que já não se sofre.”
Sabe quando você deixa de ver um amigo durante alguns meses e de repente encontra ele por acaso em algum lugar qualquer? Aí vocês se abraçam, conversam um pouco, prometem se comunicar mais e se despedem.
De mês em mês, vocês “se vêem” muitas vezes no MSN. Conversam por algum tempo. Quando se passam dois anos, e as conversas no MSN se resumem ao oi-tudo-bem-tenho-que-ir-tchau, você encontra a pessoa no ônibus. Do nada você percebe que está sentada ao lado dela. Isso aconteceu comigo há pouco tempo. Ela sentou ao meu lado, me chamou e eu levei uns três segundos para reconhecê-la.
Há mais tempo, talvez ano retrasado, não lembro bem, um amigo me ligou no dia primeiro de janeiro pra desejar ano novo. Eu fiquei surpresa e feliz. A gente não se falava há quase um ano.
Semana passada eu estava na fila da biblioteca e uma garota ligeiramente familiar perguntou o meu nome e se eu estudava no colégio tal. Eu respondi que sim, há uns três anos. Três anos e uma garota com quem eu nunca tinha falado quando estudava lá me reconheceu.
Quando eu estava no segundo semestre, vi meu professor de História do fundamental lá no CEFET. Eu parei, falei com ele e tal... Esse cara foi muito importante pra mim. Grande parte do meu modo de ver as coisas e das minhas convicções foi influenciada por ele. Esse semestre, o quarto, eu o vi de novo na entrada do CEFET. Não fui até lá falar com ele.
Eu tenho alguma coisa contra todas essas pessoas citadas nessas situações? Não! Mas a ausência delas já não é mais importante como era antes. Já não sofro por isso.
Humilhante, né? i.i
Mas... aproveitando o espaço, vou postar também um minúsculo conto que escrevi há algum tempo. Eu não costumo escrever contos muito pequenos, e não sei exatamente porque esse saiu assim, mas aí está. Não se assustem, ele é pequeno mesmo.
.Relance.
O que primeiro me chamou a atenção foi o som de um violino se erguendo em meio à balbúrdia de uma noite de sexta. Meus passos eram lentos por causa da neve e os encontrões com as pessoas na calçada eram freqüentes. Até os carros andavam devagar, mas não deixavam de buzinar o tempo todo. Mas eu ouvi o som agudo se elevando acima de tudo isso e resolvi segui-lo, num desses impulsos que se tem de vez em quando.
Era em um pequeno restaurante, numa ruazinha mais isolada e mal iluminada. Alguém estava fazendo aniversário, mas eu não podia ver quem era. Dois homens tocavam para ela; um no violino, outro no acordeom. Fazia muito tempo que eu não ouvia algo tão dolorosamente bonito. Cruelmente doce, como só um violino pode ser.
Um garçom trouxe um bolinho, com uma única vela acesa. Uma coluna bem em frente à mesa me impedia de ver a pessoa homenageada, mas na hora de apagar a vela ela se inclinou e pude vislumbrar um nariz e o relance de um sorriso. Era uma mulher. Ela ergueu as mãos para bater palmas junto com os outros. Os músicos pararam de tocar e voltaram para o pequeno palco onde deviam se apresentar normalmente.
Ela cortou um pedaço do bolo e entregou a alguém que estava ao seu lado e que eu também não conseguia ver. Suas unhas eram escuras, assim como a boca. Começou a nevar. Estava frio demais.
Fui embora. Nunca mais a vi.
13 comentários:
Tempinho frio... nostalgia...
& Conto perfeito!
Frio te fez lembra neve?
~#~
Uma vez tava a um tempão sem falar com uma pessoa, do nada nós nos encontramos numa fila...rsrsrsrsrs... foi bem bacana =D
Bacana foi o papo! Não a fila!!!
Sabe.. eu odeio fila!!!
Como eu queria falar com minhas amigas do antigo colégio, elas nem olham na minha cara mais, eu ainda lembro delas. ):
Aqui tá muuuuuuuito frio, dedos congelados o sul é foda ._.'
Conto perfeito mesmo *-*
com o passar do tempo algumas pesoas perdem o significado nas nossas vida, normal...
às vezes vejo na rua [não aqui onde moro, mas nas poucas vezes que vou a Poa] uma ex amiga minha... [ex pq ela cortou relações comigo devido a um mal entendido, sendo eu não fiz o que ela acha que eu fiz... enfim!]
hj olho pra ela não sinto nada... nem raiva.
algo morreu... [mas acho que saí ganhando com isso...]
;)
bjks!!
[teclado ruim aqui, cortando um monte de letras... afffff]
Texto interessante, mas será que a pessoa era que recebeu era uma mediga?
A distância das pessoas é assim mesmo, acabamos perdendo a intimidade com elas, mas não quer dizerque não devemos reatar isto.
Fiquem com Deus, menina Moony e galera.
Um abraço.
É, tem gente que é assim, no colégio ou enquanto convivíamos juntos não nos enxergava, daí acaba a convivência aí começa a vir atrás...Vai entender.
Tema bacana de debater, pois todos já sentimos isso um dia. É humano sentir falta das pessoas. Carencia, além de nos vulnerabilizar, nos motiva a criar vinculos afetivos.
Olha, essa coisa de encontrar gente que falamos pouco, "amigos" antigos, as vezes a gente cumprimenta, as vezes não...sei bem como é isso.
Acredite, acontece com todo mundo, ou quase todos.
Tb tenho a sensação de não fazer parte mais da vida de muita gente q conheço e que um dia já foi super importante pra mim...sinto tb q essas pessoas não fazem mais a minima falta.
Acho que são coisas da vida, da idade, de Deus...
Beijussss
Eu costumo pensar muito na tal presença de ausência. Eu posso estar junto de uma pessoas e não estar ligada a ela, não estar pensando nela ou reparando que ela está ali perdida em meus pensamentos.
Eu sempre passo por isso com pacientes, principalmente eles.
Atravessam a avenida e vem me cumprimentar e dizer que o casamento melhorou, o filho se recuperou, o pai esta melhor e tal e eu não consigo recordar quem eram e o que fiz por eles.
As vezes me recordo mais tarde, outras procuro arquivos para ver mais tarde e mandar um cartão, já que fico envergonhada.
A maioria sabe que a minha memória não é boa, senão eu ficaria louca com tanta coisa e gente na minha mente.rs
Mais dói quando ocorre com vc!!
Uma de minhas amigas de infância e vizinha de porta quase foi trabalhar fora, e quando ela voltou
sempre chamava as meninas para uma reunião. Nunca se lembrava de mim!!
Ainda não se lembra, o que é estranho já que a mãe dela e a minha são as melhores amigas e a tia loren não sai daqui.
Bem, eu acredito que descartamos o que não nos é mais importante, interessante ou necessários. Como limpar o guarda roupa, senão ficariamos muito pesados carregando tanta gente nas costas.
bju!!
Devo admitir que a natureza tem suas perfeições, tipo, quando acontece algo catastrófico em nossas vidas simplemente custamos a acreditar que tal coisa seja real, o chamado "cair a ficha", isso é um mecanismo que a natureza criou para que convivamos com a nova realidade até que a dor se torne suportável. Mas, seja lá quem tenha criado esse mecanismo das pessoas que perdem o significado, a importancia; seja lá pra qual finalidade, talvez de nos tornarmos indivíduos menos dependentes, mais desprendidos ou desligados... É cruel. Um mecanismo que nos reduz a "guarda- roupas", parafrasiando a analogia da colega acima, com função excretora de eliminar pessoas, nosssas lembranças, histórias e memórias saindo pelos poros, levando consigo parte irrecuperável de nossas almas, deixando mais leve nossas costas, para finalmente nos tornarmos pessoas mais leves e numa visão mais pessimista vazias, se continuarmos a excretar tudo que já nos foi importante um dia.
Talvez essa poesia tenha mais um significado agora:
POEMA DE SOMBRA
Se perdem gestos,
cartas de amor, malas, parentes.
Se perdem vozes,
cidades, países, amigos.
Romances perdidos,
objetos perdidos, histórias se perdem.
Se perde o que fomos e o que queríamos ser.
Se perde o momento.
Mas não existe perda,
existe movimento.
e esses versos:
"(...) Sem saber porque
É porque trago tudo de fora
Violência e dúvida, dinheiro e fé
Trago a imagem de todas as ruas por onde passo
E de alguém que nem sei quem é
E que provavelmente eu não vou mais ver
Mas mesmo assim ela sorriu pra mim..."
(Meu reino- Biquini Cavadão)
Enfim, Te amo... E pra sempre. Um amor que não está sujeito a mecanismos naturais, artificiais ou de qualquer outro gênero.
Roh
isso tem acontecdo comigo ultimamente...pior que eu não lembro da pessoa é mais ela que me reconhece...depois eu vou lembrar...é fogo!
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